BIGNONIACEAE

Handroanthus spongiosus (Rizzini) S.Grose

Como citar:

Eduardo Fernandez; Marta Moraes. 2019. Handroanthus spongiosus (BIGNONIACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

EN

EOO:

447.750,087 Km2

AOO:

384,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019), com ocorrência nos estados: BAHIA, municípios de Andaraí (Guedes 14586), Barro Alto (Nunes 913), Belmonte (Guedes 6334), Campo Alegre de Lourdes (Duarte 16), Canudos (Santos 1679), Casa Nova (Paula-Souza 9891), Contendas do Sincorá (Dourado 5), Encruzilhada (Fernandes 110), Entre Rios (Fonseca 12), Euclides da Cunha (Orlandi 732), Iaçu (Ginzbarg 804), Ibotirama (Queiroz 2135), Irecê (Fotius 2703), Itaberaba (Queiroz 3892), Jaguarari (Siqueira Filho 3057), Juazeiro (Ferreira 1179), Lajedinho (Guedes 25965), Licínio de Almeida (Borges 156), Livramento do Brumado (Harley 25758), Macaúbas (Mizushima 254), Morpará (Conceição 2681), Morro do Chapéu (Cardoso 1625), Mucugê (Bautista 4536), Oliveira dos Brejinhos (Ramalho 232), Paramirim (Conceição 2077), Pindobaçu (Miranda 4338), Remanso (Monteiro 23705), Rio de Contas (Giulietti 1608), Salvador (Viana 9), São Gabriel (Rocha 73), Seabra (Neves 463), Sento Sé (Siqueira Filho 3089), Tanhaçu (Marinho 181), Uauá (Siqueira Filho 3082); PERNAMBUCO, municípios de Afrânio (Siqueira Filho 1565), Boa Vista (Sobrinho 412), Cabrobó (Cotarelli 2540), Cedro (Sobrinho 417), Lagoa Grande (Siqueira Filho 3154), Ouricuri (Sobrinho 415), Parnamirim (Cotarelli 2482), Petrolina (Andrade-Lima 1058), Salgueiro (596 Nascimento), Santa Maria da Boa Vista (Cotarelli 2092), Serrita (Oliveira 2256); PIAUÍ, municípios João Costa (Mizushima 201), Paulistana (Salgado 388), São João do Piauí (Lima 13247), São Miguel do Tapuio (Castro 1132), São Raimundo Nonato (Lewsi 1164).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2019
Avaliador: Eduardo Fernandez
Revisor: Marta Moraes
Critério: B2ab(i,ii,iii,iv,v)
Categoria: EN
Justificativa:

Árvore de até 10 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019). Conhecida popularmente como cascudo, ipê-cascudo, sete-cascas ou ipê amarelo, foi documentada em Caatinga sensu stricto (Florestas Secas) nas áreas de transição entre Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica nos estados da Bahia e Pernambuco e Piauí. Segundo a Flora do Brasil 2020 em construção (2019), a espécie ocorre ainda em Alagoas, Paraíba e Sergipe, porém sem ocorrências recentes confirmadas. Apresenta AOO=376 km², distribuição ampla, porém restrita à formação florestal severamente fragmentada e pouco protegida por Unidades de Conservação de proteção integral. Adicionalmente, sabe-se que as espécies do gênero Handroanthus apresentam valor madeireiro e ornamental. Na Caatinga e em outras regiões semiáridas, o pastejo tem sido associado à compactação do solo, redução na sobrevivência de plântulas e mudas, consumo de biomassa de dossel, alteração da riqueza e composição das plantas (Antongiovanni et al., 2018; Marinho et al. 2016). Além disso, a sinergia entre o efeito do gado pastando em remanescentes semiáridos e a invasão de espécies exóticas tem sido relatada (Hobbs, 2001). A pecuária é um distúrbio crônico na Caatinga que tem efeitos negativos sobre a diversidade de plantas (Ribeiro et al., 2015). O município de Itapebi, por exemplo, tem 52% de seu território transformados em pastagem (Lapig, 2018). Grande parte das florestas úmidas do sul da Bahia, onde a espécie foi registrada de forma esparsa, estão fragmentadas como resultado da atividade humana realizadas no passado, tais como o corte madeireiro e implementação da agricultura (Paciencia e Prado, 2005). Assim, mesmo ocorrendo dentro dos limites de áreas protegidas bem consolidadas, infere-se declínio contínuo em EOO, AOO, na qualidade e extensão do habitat, no número de situações de ameaça e, potencialmente, no número de indivíduos maduros. Assim, H. spongiosus foi considerada "Em perigo" (EN) de extinção novamente. Recomenda-se ações de pesquisa (censo e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção. É crescente a demanda para que se concretize o estabelecimento de um Plano de Ação Nacional (PAN) previsto para sua região de ocorrência nos estados em que foi documentada.

Último avistamento: 2018
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Sim
Razão para reavaliação? Other
Justificativa para reavaliação:

A espécie foi avaliada pelo CNCFlora em 2013 (Martinelli e Moraes, 2013) e consta como "Em Perigo" (EN) na Portaria 443 (MMA, 2014), sendo então necessário que tenha seu estado de conservação re-acessado após 5 anos da última avaliação.

Houve mudança de categoria: Não
Histórico:
Ano da valiação Categoria
2012 EN

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrição em Rizzini (1976) e Gentry (1992 ) como Tabebuia spongiosa Rizzini. Nome popular: "cascudo" (Rizzini 1976), "ipê-cascudo", "sete-cascas", "ipê-amarelo" , "mulambá", "pau-d’arco", "pau-d’arco-casca-fina" (Espírito Santo, 2012). Diferencia-se de H. ochraceus pelas flores menores, folhas tri-folioladas, fruto glabro e casca do caule esfoliante em longas tiras (Gentry, 1992).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido o valor econômico da espécie. Porém as espécies do gênero Handroanthus apresentam valor ornamental e madeireiro;

População:

Flutuação extrema: Desconhecido
Detalhes: Não existem dados sobre a população.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Fenologia: deciduifolia
Longevidade: perennial
Luminosidade: heliophytic
Biomas: Caatinga, Mata Atlântica
Vegetação: Caatinga (stricto sensu), Cerrado (lato sensu), Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Habitats: 1 Forest, 2 Savanna
Clone: unkown
Rebrotar: unkown
Detalhes: Árvore de até 10 m de altura (Espírito Santo et al. 2013). Em Caatinga ocorre preferencialmente em solos arenosos e em Savana Estépica Florestada (Ferreira et al., 2011). Ocorre também em florestas sazonalmente secas, em estádios intermediários de sucessão (Oliveira, 2010). Entre junho e outubro perde as folhas, florescendo de maneira sincrônica por 2-5 dias logo em seguida, entre outubro e novembro. Folhas jovens surgem em novembro, logo após a floração e no início das chuvas (Oliveira, 2010).
Referências:
  1. Espírito Santo, F.S.; Silva-Castro, M.M. & Rapini, A. 2013. Flora da Bahia: Bignoniaceae 2 – Aliança Tabebuia. Sitientibus série Ciências Biológicas 13, 38 pp.

Ameaças (3):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3 Livestock farming & ranching habitat,occupancy,occurrence past,present,future national high
A pecuária é uma das principais fontes de renda e subsistência para os habitantes da Caatinga (Antongiovanni et al., 2018). Em geral, bovinos, caprinos e ovinos são criados em regime de liberdade, tendo acesso à vegetação nativa como base de sua dieta (Marinho et al. 2016). Na Caatinga e em outras regiões semiáridas, o pastejo tem sido associado à compactação do solo, redução na sobrevivência de plântulas e mudas, consumo de biomassa de dossel, alteração da riqueza e composição das plantas (Marinho et al. 2016). Além disso, a sinergia entre o efeito do gado pastando em remanescentes semiáridos e a invasão de espécies exóticas tem sido relatada (Hobbs, 2001). A pecuária é um distúrbio crônico na Caatinga que tem efeitos negativos sobre a diversidade de plantas (Ribeiro et al., 2015). O município de Itapebi com 101306 ha tem 52% de seu território (52553 ha) transformados em pastagem (Lapig, 2018).
Referências:
  1. Antongiovanni, M., Venticinque, E.M., Fonseca, C.R., 2018. Fragmentation patterns of the Caatinga drylands. Landsc. Ecol. 33, 1353–1367.
  2. Hobbs R.J., 2001. Synergisms among habitat fragmentation, livestock grazing, and biotic invasions in southwestern Australia. Conserv Biol 15:1522–1528.
  3. Lapig, 2018. http://maps.Lapig.iesa.ufg.br/Lapig.html (acesso em 19 de setembro de 2018).
  4. Marinho F.P., Mazzochini G.G., Manhaes A.P., Weisser W.W., Ganade G., 2016. Effects of past and present land use on vegetation cover and regeneration in a tropical dryland forest. J. Arid Environ. 132:26–33.
  5. Ribeiro, E.M.S., Arroyo-Rodríguez, V., Santos, B.A., Tabarelli, M., Leal, I.R., 2015. Chronic anthropogenic disturbance drives the biological impoverishment of the Brazilian Caatinga vegetation. J. Appl. Ecol. 52, 611–620.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 2.1 Annual & perennial non-timber crops habitat,mature individuals past,present,future national very high
A área relativamente grande ocupada por categorias de uso do solo como pastagem, agricultura e solo descoberto, e a pequena área relativa ocupada por floresta em estágio avançado de regeneração revelam o alto grau de fragmentação da Mata Atlântica no Sul-Sudeste da Bahia (Landau, 2003, Saatchi et al., 2001). Grande parte das florestas úmidas do sul da Bahia estão fragmentadas como resultado da atividade humana realizadas no passado, tais como o corte madeireiro e implementação da agricultura (Paciencia e Prado, 2005). Estima-se que a região tenha 30.000 ha de cobertura florestal (Paciencia e Prado, 2005), 40.000 ha em estágio inicial de regeneração e 200.000 ha em área de pasto e outras culturas, especialmente cacau, seringa, piaçava e dendê (Alger e Caldas, 1996). A maioria das propriedades particulares são fazendas de cacau, o principal produto da agricultura (Paciencia e Prado, 2005), sendo a cabruca considerada a principal categorias de uso do solo na região econômica Litoral Sul da Bahia (Landau, 2003). Nas florestas litorâneas atlânticas dos estados da Bahia e Espírito Santo, cerca de 4% da produção mundial de cacau (Theobroma cacao L.) e 75% da produção brasileira é obtida no que é chamado localmente de "sistemas de cabruca". Neste tipo especial de agrossilvicultura o sub-bosque é drasticamente suprimido para dar lugar a cacaueiros e a densidade de árvores que atingem o dossel é significativamente reduzida (Rolim e Chiarello, 2004, Saatchi et al., 2001). De acordo com Rolim e Chiarello (2004) os resultados do seu estudo mostram que a sobrevivência a longo prazo de árvores nativas sob sistemas de cabruca estão sob ameaça se as atuais práticas de manejo continuarem, principalmente devido a severas reduções na diversidade de árvores e desequilíbrios de regeneração. Tais resultados indicam que as florestas de cabrucas não são apenas menos diversificadas e densas do que as florestas secundárias ou primárias da região, mas também que apresentam uma estrutura onde espécies de árvores dos estágios sucessionais tardios estão se tornando cada vez mais raras, enquanto pioneiras e espécies secundárias estão se tornando dominantes (Rolim e Chiarello, 2004). Isso, por sua vez, resulta em uma estrutura florestal drasticamente simplificada, onde espécies secundárias são beneficiadas em detrimento de espécies primárias (Rolim e Chiarello, 2004).
Referências:
  1. Alger, K., Caldas, M., 1996. Cacau na Bahia: Decadência e ameaça a Mata Atlântica. Ciência Hoje, 20, 28-35.
  2. Landau, E.C., 2003. Padrões de ocupação espacial da paisagem na Mata Atlântica do sudeste da Bahia, Brasil, in: Prado, P.I., Landau, E.C., Moura, R.T., Pinto, L.P.S., Fonseca, G.A.B., Alger, K. (Orgs.), Corredor de biodiversidade da Mata Atlântica do sul da Bahia. IESB/CI/CABS/UFMG/UNICAMP, Ilhéus, p. 1–15.
  3. Paciencia, M.L.B., Prado, J., 2005. Effects of forest fragmentation on pteridophyte diversity in a tropical rain forest in Brazil. Plant Ecol. 180, 87–104.
  4. Rolim, S.G., Chiarello, A.G., 2004. Slow death of Atlantic forest trees in cocoa agroforestry in southeastern Brazil. Biodivers. Conserv. 13, 2679–2694.
  5. Saatchi, S., Agosti, D., Alger, K., Delabie, J., Musinsky, J., 2001. Examining fragmentation and loss of primary forest in the Southern Bahian Atlantic Forest of Brazil with radar imagery. Conserv. Biol. 15, 867–875.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2 Agriculture & aquaculture habitat,occurrence,occupancy past,present,future regional very high
O município de São Miguel do Tapuio (PI), possui cerca de 12% de seu território convertido em pastagens (Lapig, 2018a). O município de Entre Rios com 121168 ha tem 15% de seu território (18233 ha) utilizados como pastagem, mais 19% de florestas plantadas (22578 ha) (Lapig, 2018b).
Referências:
  1. Lapig, 2018a. http://maps.Lapig.iesa.ufg.br/Lapig.html (acesso em 23 de julho 2018).
  2. Lapig, 2018b. http://maps.Lapig.iesa.ufg.br/Lapig.html (acesso em 19 de setembro de 2018).

Ações de conservação (5):

Ação Situação
5.1.2 National level on going
Considerada com com "Dados insuficientes" para avaliação de risco de extinção (DD) pela Lista vermelha da flora do Brasil (MMA, 2008), anexo 2. Já revogada.
Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi registrada na FLORESTA NACIONAL DE CONTENDAS DO SINCORÁ (US), ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL SERRA DO BARBADO (US), ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL LAGOAS E DUNAS DO ABAETÉ (US), ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL MARIMBUS / IRAQUARA (US), PARQUE ESTADUAL DO MORRO DO CHAPÉU (PI), ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL LAGO DE SOBRADINHO (US), PARQUE NACIONAL DA SERRA DA CAPIVARA (PI).
Ação Situação
3.4 Ex-situ conservation on going
Compõe o Banco Ativo de Germoplasma de Plantas Forrageiras do Cpatsa/Embrapa (MOBOT 1048363).
Ação Situação
5.4.2 National level on going
A espécie foi avaliada como "Em perigo de extinção" e está incluída no ANEXO I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014).
Referências:
  1. Ministério do Meio Ambiente (MMA), 2014. Portaria nº 443/2014. Anexo I. Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção. Disponível em: http://dados.gov.br/dataset/portaria_443. Acesso em 14 de abril 2019.
Ação Situação
5 Law & policy needed
A espécie ocorre em territórios que possivelmente serão contemplados por Planos de Ação Nacional (PANs) Territoriais, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Cerrado Endêmicas - TER11 e no Território Mucugê - TER40.

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
17. Unknown
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.